No desenvolvimento de produtos e serviços, em grandes empresas, existe muito sigilo e um desejo que o produto seja desenvolvido a perfeição antes de ser lançado, mas isso pode levar anos e elevados investimentos. Ainda se corre o risco de ao ser lançado não causar mais tanto impacto, seu concorrente pode já ter lançado antes, ou não agradar tanto assim seu cliente ou usuário.

Isso porque ele, muito provavelmente, não foi testado em suas etapas de desenvolvimento, para ser melhorado ou pivotado, tendo como foco a opinião do seu usuário.

Existe uma máxima que diz: “Falhe logo para ter sucesso mais rápido” – David Kelley, IDEO

Assim, todo desenvolvimento de produto, deveria ser testado muito antes de estar pronto para ser lançado.

A fase de teste nada mais é do que você ir para a rua e validar com o usuário sua ideia, produto ou serviço. É provocar sensações nas pessoas para receber feedbacks sobre: o que eles mais gostaram e não gostaram, maior diferencial, o que ainda falta, sugestões, e o mais importante, se ele é desejável!

É muito comum tender-se a pular essa etapa pois é muito dolorido ouvir que a sua solução talvez não seja tão legal assim. Já sabemos que protótipo bom é protótipo rápido e barato, justamente para você não se apegar! Gastar muito tempo e recursos antes de validar com seu usuário é um erro gravíssimo em um projeto de inovação.

Você pode ir melhorando seu protótipo aos poucos até apresentar um de alta fidelidade, mas não deixe de colher feedbacks com seu usuário durante esse processo.

Na hora de ir para rua com o protótipo em mãos, testar a solução e saber a opinião das pessoas, existem 7 dicas preciosas que te ajudam a interagir com o usuário para colher melhor os feedbacks:

1) ESCUTE: Em primeiro lugar, é necessário saber ouvir. Por isso tente não ficar na defensiva e não faça julgamentos. Pelo contrário, o momento é para refletir. Por isso, leve papel e caneta e resuma, fielmente, o que foi dito e as reações dos usuários.

2) PERGUNTE: faça seu roteiro, mas vá no fluxo da conversa, buscando esclarecer, com muitos por quês, quanto mais melhor, pois te ajudarão a não fazer inferências. Um grande perigo…

3) VALIDE: quanto maior o número de pessoas você conseguir testar a sua ideia, mais fácil você conseguirá identificar padrões de resposta que serão úteis na hora de melhorar o protótipo.

4) FIQUE ATENTO: Você vai notar que as vezes é preciso voltar ao início do processo. O teste pode revelar que a dificuldade não está no protótipo em si, mas no “problema” que seu produto ou serviço precisa resolver. E aí será necessário, repensar a solução e testá-la novamente. A grande vantagem é que você a está testando sem, justamente, ter investido tanto assim na sua ideia.

5) ESTEJA ABERTO A ESTAR ERRADO: Lembre-se, falhe rápido para ter sucesso mais cedo.

6) NÃO TESTE TUDO AO MESMO TEMPO: Foque em uma ou duas coisas para avaliar. Se você testar tudo ao mesmo tempo não saberá ao certo o que não funciona!!

7) INSPIRE: As pessoas que testarão as suas ideias serão as primeiras a te ajudar a implementá-la! Inspire-as!

Acreditamos que com essas dicas você verá que não é um bicho de sete cabeças levar sua solução para rua e o quanto é importante tirá-la do mundo das ideias e validá-la no mundo real.

Além disso, você pode fazer de diversas maneiras.

Existem vários tipos de teste, mas vamos separar dois que são bastante interessantes. O primeiro deles, muito utilizado em desenvolvimento web, no marketing ou em publicidade tradicional, é o chamado TESTE A/B. Consiste em colocar duas (A e B) ou mais versões as quais são idênticas exceto por uma variante que pode impactar o comportamento do utilizador, indicando a sua preferência.

Ele serve para entender as preferências do consumidor com o objetivo de melhorar a porcentagem de aprovação de um produto ou serviço. Estes testes são ferramentas excelentes porque oferecem um feedback real de mercado, mensurado com precisão. Não é uma pesquisa simples em que alguém pode responder uma coisa e fazer outra na prática: são fatos consolidados.

A vantagem dos Testes A/B é que o usuário final não percebe que participou de algum teste, pois ele verá apenas uma das versões criadas e terá a certeza de que aquela é a sua versão original, independente de qual for apresentada.

foto_teste_paola2

A segunda ferramenta é muito utilizada na fase de pesquisa, mas pode também ser aplicada na etapa de teste, caso sua solução seja um serviço. Essa ferramenta se chama “Um dia na vida” e consiste em você ir a campo, “vestir a camisa” do seu usuário e viver na pele a experiência. Vivencie o dia do seu cliente e veja como ele interage e utiliza do começo ao fim o serviço que está oferecendo. É uma forma de percebermos o impacto do serviço que está sendo criado.

Para finalizar, a fase de Teste é a etapa que você vai conseguir medir se seu projeto é realmente inovador respondendo  se o que está sendo criado é…

DESEJÁVEL? As pessoas desejam isso? Resolve alguma necessidade relevante?
APLICÁVEL? É possível desenvolver de forma sustentável?
VIÁVEL? É viável financeiramente e tecnicamente?

Agora é só seguir confiante e correr para o abraço, de seu cliente e/ou usuário, assim que for lançado.

Paola Bellucci e Flávia Ursini, são colaboradoras pela Inova na conversa e design thinkers.